Natal: entre a credibilidade e a fragilidade
O cenário do nascimento de Cristo tornou-se tão conhecido que, muitas vezes, perdemos de vista as poderosas mensagens não só religiosas, mas também filosóficas que esse é capaz de transmitir. Nesse texto, explorarei o que a vida de Jesus nos ensina sobre caráter e credibilidade.
Pense em alguém poderoso. Pense também em alguém que, em seu convívio, tenha muita credibilidade. Essas pessoas, aparentemente, são frágeis? O adjetivo “forte”, na grande maioria das vezes, parece combinar mais com elas. No entanto, toda a Vida de Jesus subverte completamente essa lógica. Por quê?
Vamos pensar inicialmente no nascimento que, mais de dois mil anos depois, é comemorado por milhões de pessoas. O primeiro berço de Jesus não foi nada confortável: era uma manjedoura, local onde se colocava a comida dos animais (imaginem o cheiro daquele lugar!). Como se não bastasse, os primeiros a testemunharem o seu nascimento foram pastores, pessoas consideradas, na época, como desonestas, de modo que não eram autorizadas nem mesmo a participar do júri popular.
Ao longo da vida de Jesus, é interessante como a Bíblia também expõe as suas “fragilidades”. Alguns exemplos: Ele chora quando vê a tristeza dos familiares de alguém que havia morrido e, ainda, diz aos seus discípulos, no Getsêmani (local onde foi orar momentos antes de ser preso), que a sua alma estava cheia de tristeza e de angústia. E o seu final? A morte mais humilhante da época: pregado em uma cruz, ao lado de pessoas consideradas criminosas.
Parece que Deus pinta um quadro para ninguém crer em Jesus. Nesse contexto, encanta-me o quanto o Autor da Vida, apesar de tão grandioso, mostra-se simples e cotidiano.
Isso porque enquanto nós, seres humanos, tentamos conquistar credibilidade por meio de aparências (como roupas bonitas, bons desempenhos, engajamentos nas redes sociais, etc), Deus demonstra que a credibilidade está na essência. Jesus não conquistou credibilidade por ser sempre inabalável, mas sim por sempre ter fé e nunca desistir de seu Propósito.
Extraio do exemplo de Jesus que a nossa pretensa força pode nos enfraquecer internamente, enquanto o reconhecimento de nossas fraquezas é capaz de engradecer quem verdadeiramente somos. Por isso, permita-se olhar para as suas fragilidades. Permita que as pessoas que te querem bem olhem para elas também. A verdadeira admiração não vêm da ausência de defeitos, mas sim da forma como lidamos com as nossas imperfeições. Pessoas inspiradoras são aquelas determinadas à reconhecer, evoluir e compartilhar.
Ao pensar em alguém poderoso e com credibilidade, pense em Jesus. E lembre-se de que a sua credibilidade não provém da ausência de fragilidades, mas sim da fidelidade aos seus valores e ao seu Propósito.