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A insatisfação nos move?


Há um tipo de satisfação que nos chama e nos seduz a cada esquina. Ela é facilmente alcançável e percebível: basta termos dinheiro para nos satisfazermos com uma compra, possibilidade de entrar em algum ambiente envolvente ou companhias capazes de nos entreter. Tais satisfações externas não só proporcionam a sensação de felicidade – mesmo que momentânea-, como também são permeadas por imediatismo.


Entretanto, são fugazes; tão fugazes que geram em nós o constante sentimento de insatisfação, que nos induz a buscar aquilo que proporciona a breve sensação de felicidade "de novo" ou a buscar "algo novo" para despertá-la. As satisfações externas, em certos casos, são saudáveis e preciosas. O problema está quando só buscamos este tipo de satisfação, já que ele nunca nos leva ao renovar; ao aprimorar; ao reinventar. Nunca nos provoca a seguinte pergunta: o que é a satisfação e porque busca-la é algo sempre latente?


Jamais olhamos para nós mesmos e reconhecemos o nosso próprio ser como fonte de satisfações ou insatisfações. Afinal, somo levados a procurar em algo externo a satisfação, não a construir um caráter que a encontre na simplicidade, que reinvente o mundo ao redor. Isso reflete a satisfação mais profunda e real que podemos alcançar: a satisfação interior.


Para compreendê-la, precisamos investigar a fonte da insatisfação. Tudo muda quando descobrimos que a insatisfação não é algo necessariamente ruim, já que ela pode nos mover à direção certa: à construção da satisfação interior. Isso porque a insatisfação aponta para uma importante condição existencial: somos – e, enquanto vivermos neste mundo, sempre seremos – imperfeitos.


Ao reconhecermos que não somos perfeitos, reconhecemos que sempre há algo que podemos melhorar em quem somos. Permanecer insatisfeito consigo mesmo gera aprimoramento de caráter; e o aprimoramento de caráter, por sua vez, gera uma maior satisfação interior, que ressoa para todas as esferas das nossas vidas.


Quanta energia gastamos para buscar satisfação em algo externo a nós? E quanto tempo e esforço empregamos para construir e, então, nos satisfazer com quem estamos nos tornando?


Em suma, que a nossa insatisfação não mais nos leve a inúteis reclamações, nem a buscar satisfações apenas em coisas pontuais e fúteis. Nos próximos dias, use a insatisfação para se questionar a respeito de si mesmo, para identificar as suas imperfeições e para empregar esforços em melhorar o seu caráter.


Se a nossa cosmovisão – ou seja, as lentes com as quais vemos o mundo e os caminhos pelos quais refletimos sobre ele – for transformada, a satisfação se tornará algo constante. Isso porque o renovar da mente leva à reinvenção de tudo ao redor; ao vislumbre de beleza no simples; ao novo Significado para aquilo que, anteriormente, nada tinha a nos dizer.

Por fim, de forma menos poética e mais prática, a nossa mente pode ser renovada por meio da leitura de livros verdadeiramente edificantes, da conversa e da convivência com pessoas sábias, de tempo para refletir sobre si mesmo e sobre a vida, da oração, etc. Basta redirecionarmos as nossas energias e, consequentemente, o nosso pensar.


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