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Não terceirize a sua felicidade



Em todas as direções, só avistava o azul do mar. Exausta de tanto nadar e carente das mais básicas necessidades humanas, tudo o que eu mais queria era encontrar uma ilha: o lugar em que todos os meus anseios seriam supridos. Passava cada segundo não só idealizando o momento em que eu a encontrasse, como também gastando as minhas energias em busca dela.


Certo dia, finalmente avistei uma ilha bela e enorme. Nadei com todo o meu ânimo até ela. Ofegante, coloquei os pés na areia e sorri, revigorada. Por algum tempo, ali consegui me alimentar, descansar, ser entretida....


Entretanto, logo os recursos daquela ilha acabaram; e o que antes era motivo de entretenimento, tornou-se banal. Fiquei profundamente frustrada ao perceber que a ilha era insuficiente para suprir os meus anseios. Então me vi, novamente, envolta pelo mar, nadando rumo a uma nova ilha: quem sabe, mesmo que ainda insuficiente, lá haveriam mais recursos.


Inúmeras vezes, levamos a vida exatamente assim. Em alguns momentos, desfrutamos de ilhas de prazer e de entretenimento, que logo se revelam efêmeras e insuficientes. E, quando não mais sentimos os pés na areia e nos vemos novamente imersos no mar da rotina, passamos os dias terceirizando a nossa felicidade.


Isso quer dizer que não conseguimos desfrutar de momentos nos quais não há fortes estímulos externos, porque associamos mentalmente a nossa felicidade às ilhas de prazer. Então, ao invés de aprimorarmos a forma a qual nadamos e desfrutarmos da beleza das águas, passamos o tempo presente pensando e nadando rumo a tais ilhas.


Percebo que a felicidade mais próxima à plenitude não é fruto de estímulos externos e efêmeros; mas da autorrealização e da paz interior. De forma prática, estes dois estados de espírito dependem diretamente dos nossos hábitos e pensamentos diários. Se não nos atentarmos à forma a qual vivemos o dia a dia e, com isso, passarmos a maior parte do tempo pensando sobre coisas banais e agindo – ou melhor, reagindo – de forma automática, não construiremos nada de novo ou de sólido.


Por isso, não terceirize a sua felicidade: perceba beleza no mar do presente e aprimore a forma a qual você nada nele. As maiores riquezas não estão nas ilhas de prazer, mas sim, como ensina Jesus (em Mateus 6:21), em nosso coração – ou seja, em nossos pensamentos, emoções e vontades.



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