Angústia Espírito-Santense
Em meio ao medo e à revolta de toda a população, a greve dos polici
ais e a consequente situação caótica pela qual o nosso estado passa revela muitas opiniões. Apesar de todos nós querermos o mesmo, ou seja, amenizar esse quadro desconcertante, há muita discussão em torno de duas opiniões que parecem diametralmente opostas: enquanto uns adotam o discurso sintetizado na expressão "os bandidos são vítimas da sociedade", outros preferem o discurso do "bandido bom é bandido morto". É importante perceber o que há de relevante em cada um. De fato, é inegável que muitos dos criminosos cresceram em um meio onde o tráfico traz mais perspectivas e prestígio social, a desassistência mostra-se enorme e a "lei do mais forte" é inquestionável. O meio influencia imensamente a conduta do indivíduo, mas não a determina. Refletir sobre esse contexto e tomar medidas de prevenção ao crime são, sim, de extrema importância. Aconselho a todos aqueles que adotam esse discurso a lutarem por melhores condições nessas áreas, seria maravilhoso. Por outro lado, tudo isso não tira e nem diminui a importância de medidas punitivas sérias e efetivas. A impunidade dos criminosos promove a manutenção desse quadro de extrema violência, já que, enquanto não houver boas escolas, perspectivas de trabalho e todas essas coisas, e mesmo quando houver, a intimidação é indispensável. Quem sofre com essa impunidade são, principalmente, as outras "vítimas da sociedade" que optaram por não entrar nesse universo do crime e até os próprios criminosos, pois muitos se envolvem por acharem que "não vai dar em nada". Entender as causas e tudo o que envolve os altos índices de criminalidade em nossos país e debatê-las é de extrema relevância para melhorar esse quadro, mas não de total eficácia. Precisamos, nesse contexto, parar de discutir como se estivéssemos em lados opostos e valorizar tanto a prevenção quanto a punição, assim como efetivamente fazermos o possível para transformar a caótica realidade ao redor.