Viagem para Roma: as catacumbas
Passei quatro dias incríveis em Roma nessas férias, então resolvi escrever um pouco sobre o que aprendi nessa comuna italiana tão única e interessante. No primeiro dia, visitei a Catatumba de São Sebastião e a Catatumba de São Calixto e, pessoalmente, foram os lugares que eu mais curti conhecer.
As catacumbas romanas são um conjunto subterrâneo de corredores usados para o sepultamento desde o século II e, por isso, são muito conhecidas como "cemitérios subterrâneos".
Naquela época, havia uma grande expectativa de uma Segunda Vinda de Cristo entre os cristãos, na qual ocorreria a ressurreição corpórea dos mortos. Por esse e outros motivos de raízes culturais, estes não optavam pela cremação dos corpos, que era o costume original dos romanos . Não tendo os recursos necessários para comprar terras para enterrar os mortos, os cristãos passaram a construir e usar largamente as catacumbas. Assim, elas se tornaram de extrema importância no estudo da história da arte paleocristão.
Graças ao excesso populacional da cidade e da falta de terras para o sepultamento, romanos de todas as religiões eram enterrados nas catacumbas, mas o que me fez gostar tanto do passeio foi o sentimento de adentrar um pouco no contexto do cristianismo primitivo.
Ao contrário do que geralmente se imagina, os romanos eram bem tolerantes às outras religiões. Templos de deuses de diferentes regiões eram construídos nas regiões dominadas pelo Império Romano. A perseguição aos cristãos, que ocorreu principalmente entre o segundo e o terceiro século, aconteceu por esta ser uma religião que afetava de certo modo o sistema vigente, ao contrário das outras.
O surgimento e o avanço do cristianismo era um problema aos olhos do Império Romano porque, principalmente, os cristãos se recusavam a reconhecer e a adorar o imperador como um deus, além de tratarem e enxergarem os escravos como iguais e não inferiores (a manutenção da escravidão era importante para a economia e o funcionamento do Império) e por alguns cristãos se recusarem a guerrear (esse último não era, de fato, um consenso entre os cristãos).
Sobre essa questão, Jesus não mostrava ser para Ele uma reforma política ou algo do tipo a sua preocupação central. Ele sempre mostrou ser a transformação pessoal e interna o centro de sua missão, não se preocupando diretamente com instituições sociais, mas com o que estas geram ou dizem sobre o coração humano. Dessa maneira, seguir a Cristo implica inevitavelmente em uma forma diferente de se ver e de se experimentar o mundo, influenciando ações e posicionamentos que nem sempre vão de acordo com a moral ou as ideias da sociedade em geral.
Graças a essas perseguições, as catatumbas passaram a ser para os cristãos um espaço também consagrado aos cultos e rituais. Gosto muito de entender o significado de símbolos, então foi bacana ver e entender melhor sobre os símbolos mais frequentes no cristianismo primitivo. A âncora, por exemplo, era um dos símbolos mais utilizados nas catacumbas. Assim como o navio precisa de uma âncora para segura-lo na tempestade e dar a ele segurança, a âncora significava a segurança e a esperança experimentada pelos cristãos. Além disso, também simbolizava a chegada das almas ao cais da eternidade.
A igreja primitiva, de fato, não era perfeita e suas dádivas e defeitos, descritas nas 7 cartas de João em Apocalipse e nas cartas de Paulo, muito se assemelham aos da igreja contemporânea. Eu, particularmente, fiquei invadida com a ideia tão clara para eles de que ser cristão significa estar além da morte; nem mesmo a perseguição e o martírio eram capazes de exterminar a fé e a sua expansão. Jesus venceu a morte, e nós vencemos com Ele. Essa é uma Verdade difícil de entender em toda a sua vastidão, mas hoje sei que, apesar de ter muito a aprender sobre ela, entendo o suficiente para sorrir de orelha a orelha com a liberdade que Ela me da. Esse sentimento me fez amar aquela atmosfera e navegar em reflexões.