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Esse não é mais um amor de cinema


Não quero um amor daqueles de tirar o fôlego, quero um que me faça respirar fundo, aliviada. Porque quando somos totalmente levados pela emoção, acabamos mergulhando em uma ilusão. É necessário haver razão. Razão para entender os defeitos do outro como defeitos e não características idealizadas. Razão para primeiro de tudo, construir uma amizade, que vai muito além de uma simples atração, a qual, por mais forte que seja, não é suficiente para levar nada adiante.

O que carecemos de fato é de companheirismo e de afeto, esses sim nos encantam duradouramente. Claro que é importante admirar as qualidades de quem está do seu lado, e lembra-lo delas de preferência. Beleza, inteligência, dons artísticos, dons culinários e criatividade realmente despertam interesse, e não há nada de errado nisso, apenas é insuficiente. Alguém que pergunta como foi o dia, que têm empatia, alguém que enxerga o cansaço no olhar e se oferece para preparar um lanche, mesmo sem ter noção de como liga um forno, levando uma pipoca toda queimada com um sorriso sem graça e um olhar desapontado por não ter feito o melhor, é gente assim que encanta. E com certeza a pipoca queimada será a refeição que você mais vai apreciar em muito tempo, simplesmente por ser algo real, cheio de carinho e de boas intenções. E amor é isso, é não esperar o que alguém tem a oferecer e sim a compartilhar. É a ação levando ao sentimento, porque o amor é a fusão perfeita entre o concreto e o abstrato.

Me recuso a viver uma história de Hollywood, sou bem mais uma que venha de uma apresentação de teatro infantil com direito à falas esquecidas que arrancam do público as mais legítimas e leves gargalhadas.

Quero amanhecer ao lado de alguém que assim como eu, acorda descabelado com a cara inchada, e mesmo assim, ser capaz de admirar sua beleza pelo jeito que a vejo. Quero alguém que tenha mais dificuldade nos assuntos que eu domino e vice versa, para um ajudar no crescimento do outro. Quero alguém bem desafinado para cantar minhas músicas, e quando ouvir aquela voz desarmônica, abrirei um sorriso involuntário, porque nada me fará mais feliz do que ouvi-lo cantando a canção que eu fiz.

Sei que o amor não é nem nunca será como num palco, onde você expõe de maneira exacerbada suas qualidades, mas sim num lar, onde você pode se entregar a quem é de fato, tirando as mascaras com as quais os outros te veem.

Um amor que incendeia, facilmente pode virar cinza. Prefiro um que me aqueça como um cobertor em dias cinzas, no sofá, de conchinha, assistindo à um filme que depois de muita discussão conseguiu ser escolhido. O amor lida com desentendimentos e diferenças gritantes, mas não deixa de ser aconchego e conexão, e sem ele, corremo]s o risco de viver em vão.


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