Como eu fui alcançada por Deus; o começo da minha caminhada (parte 2)
Depois daquilo tudo, continuei frequentando a minha igreja de sempre, mas não encontrava "aquele" Deus por lá (o que não quer dizer nem de longe que Ele não estava ali). Resolvi então procura-lo em alguma outra igreja. Precisava de auxílio nessa caminhada rumo ao Deus misterioso que um dia me chamou. Aos 14 anos, quase 15, comecei a frequentar uma Igreja Batista que ficava em frente a minha casa. Ia sozinha pro culto dos adolescentes, e ouvia sobre um Deus que, mesmo sendo santo, era humilde e misericordioso o bastante para querer se relacionar conosco e nos aceitar como somos. E eu não só ouvia, como via as pessoas vivendo e experimentando esse amor. Aquela vontade que começou a habitar o meu coração aos 13 anos, ressurgiu com ainda mais força.
Comecei a fazer amizades por lá que hoje são verdadeiras dádivas na minha vida. As meninas de lá, depois de uns 6 meses, me chamaram para fazer discipulado com elas. Era assim: nós nos reuníamos com o líder dos adolescentes da igreja, e caminhávamos juntos. Conversávamos sobre a nossa vida e sobre Deus. Fiquei encantada com o quanto eu era livre para pensar lá dentro. Questionava sobre tudo. Estava profundamente curiosa sobre aquele mundo espiritual que a cada dia era mais real para mim. Nessa época, queria entender por que de fato eu acreditava em Jesus. Por que os muçulmanos, afinal, estavam errados? Ou os budistas? E por que há tanta maldade em um mundo criado por um Deus tão bom? Eram tantos questionamentos que vão muito além do nosso entendimento, que eu ingenuamente andava em círculos. Eu nunca estaria saciada; é impossível conhecer e alcançar Deus apenas por meio da lógica humana. A fé é a chave.
No final do ano de 2015, fui a um congresso. Fiquei o final de semana inteiro convivendo com pessoas que realmente são filhas de Deus, e fiquei chocada com aquela realidade completamente nova e diferente. Vi uma amiga que tinha abandonado tudo para viver com Jesus chorando e experimentando dEle, dizendo que foi a melhor escolha que ela já fez. E, enquanto isso, eu não sentia nada. Nada vezes nada. Apesar disso, não tinha dúvidas que Ele existia; afinal, Ele tinha me chamado dois anos antes (e continuava me chamando, mesmo sem eu perceber), e cobria seus filhos com um brilho divino que me encantava.
Voltei do congresso determinada a busca-lo. Comecei a me dedicar a ler a bíblia, cantar louvores, orar, enfim... Não sabia direito como caminhar, mas caminhava, mesmo toda sem jeito (não que exista um jeito certo). Orei para que Ele falasse algo comigo por meio da Aline, por que eu precisava de uma ajudinha dEle para que eu soubesse o rumo. Essa é uma menina que era da minha sala, tão habitada pelo Espírito Santo que até hoje me inspira com sua fé e me encanta com sua humildade e amor. Todos os dias, ia para a escola certa de que ela falaria algo comigo. Estava cheia de fé que Ele falaria alguma coisa por meio dela, então eu a olhava o tempo todo, ia puxar assunto, e nada dela falar alguma coisa.... E foi a semana toda assim, mas nada me desanimava ou me fazia duvidar da minha fé que florescia.
Na sexta feira a noite, chamei a minha mãe para conversar. Nós brigávamos muito, muito mesmo. No dia da aldeia, o Espírito Santo tinha falado muito comigo sobre a minha família. Não sobre eu precisar honrar mais aos meus pais, que era o que, na visão humana, eu precisaria ouvir. Mas sim sobre seu plano de me fazer ser luz nela. Naquele dia, então, eu pedi perdão para a minha mãe. Falei para ela que queria me aproximar de Deus e que queria começar melhorando o nosso relacionamento. Nos abraçamos, e eu voltei mais leve para o meu quarto. Abri o celular e me deparei na mesma hora com uma mensagem da Aline: "Deus mandou você ler essa palavra, e especificamente esse versículo: (...)."
Abri a bíblia ansiosa e li o salmo que ela (Ele, na verdade) havia mandado. Era simplesmente tudo o que eu estava sentindo, e sobre Deus estar ali me sustentando e me dando forças. O versículo específico era sobre família. Falava sobre, independentemente dos meus pais terem me abandonado, Deus ser o meu Pai. Eu acho que nunca na minha vida eu fiquei tão arrebatada e encantada com alguma coisa. Chorava que nem uma criança, e sai correndo pros braços da minha mãe. "Deus existe mesmo...", eu pensava, em meio aos soluços. Minha ficha parecia não cair! Sempre acreditei nas ideias sobre Deus, mas sentir e experimentar do amor dEle de forma tão evidente era completamente assustador (em um bom sentido, é claro).
Passei a ver tudo diferente depois daquele dia. Esse era o caminho! Passei a procurar ser diferente, pouco a pouco. Esse é um processo não só demorado, como interminável. Apesar de sim, exigir muita perseverança, fé, e determinação, ele é o único capaz de nos proporcionar uma vida em paz e nos preencher. Passei a buscar minha verdadeira identidade, e a verdade sobre o mundo. Afinal, tudo isso está nEle.
Enfim, esse não é o fim da minha história. É o começo. Uma história que, apesar de possuir tantos começos e recomeços, nunca vai ter fim. Vou escrever por aqui o que tenho aprendido caminhando com Jesus e espero que, por meio da minha vida e da Raquel, Deus opere em muitos começos, recomeços, e encantos por aí.