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Black Mirror



Black Mirror é uma série de televisão britânica, dirigida por Charlie Brooker, que está inserida no catálogo da Netflix e vale a pena ser vista. Começando pelo título da série, o diretor o explicou ao The Guardian (jornal diário britânico) da seguinte maneira: "se a tecnologia é uma droga - e parece mesmo ser uma - então quais são precisamente os efeitos colaterais? Este espaço - entre apreciação e desconforto - é onde Black Mirror, minha nova série de televisão, está localizada. O “espelho negro” do título é um que você encontrará em todas as paredes, em todas as mesas, na palma de toda mão: a fria e brilhante tela de uma TV, um monitor ou um smartphone”.

A série apresenta uma ficção especulativa com temas um tanto quanto perturbadores e, muitas vezes, satíricos, procurando com isso desnudar os males que vêm sendo solidificados com a cultura contemporânea. Para quem curte o assunto, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman segue uma linha de análise semelhante a da série, refletindo sobre o efeito da tecnologia e da globalização, com suas vertiginosas ondas de informação e de novas ideias, na vida das pessoas e nas relações entre as elas. Obras como “modernidade líquida” e “vidas desperdiçadas” são extremamente interessantes, sendo o termo líquido utilizado para caracterizar a época em que vivemos, marcada pela fluidez, incerteza e insegurança.

Para alcançar o seu objetivo de promover no espectador uma reflexão crítica acerca de sua própria realidade, a série parece utilizar o efeito de distanciamento, prática que se tornou conhecida mundialmente a partir dos trabalhos teóricos do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956). Um dos traços estilísticos desse método brechtiano é a escolha da narrativa repartida, em que cada cena vale por si mesma e possui certa autonomia em relação ao todo. Cada episódio da série possui um elenco e um cenário completamente diferente e, dessa forma, nós não nos envolvemos emocionalmente com a vida das personagens.

Assim, é promovido um distanciamento emocional de nós espectadores em relação à história vivida pelas personagens e, dessa forma, mantemos a imparcialidade e uma postura crítica e racional diante dos acontecimentos encenados, relacionando-os com a realidade em que vivemos. A série nos faz enxergar a nossa sociedade de forma mais atenta, pois nos impacta com o absurdo que permeia o nosso cotidiano.

Carolina Marcondes


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